terça-feira, março 31, 2009
segunda-feira, março 30, 2009
domingo, março 29, 2009
olhar quebrado
Penso que saíste. E voltarás, como sempre, às 18H00. Depois, quando o tempo passa para além desse tempo, asfixio na minha solidão. Há ar a mais. O teu. E esse excesso é-me insuportável. O excesso de ti. Ausente. Cumpro as rotinas e ainda ponho na mesa dois pratos, dois talheres, dois copos... pão para dois. E quando me sento, o vazio avoluma-se de ninguém. Mesmo o som ténue de uma só fala é uma colisão desconsertada de ruído. Como por hábito, sem saber o quê, nem sabor a quê. Levanto o meu prato e deixo o teu que está sempre limpo. Agora saíamos. Peno os passos sem os teus passos e desisto de sair. Não consigo ouvir música. Tão pouco ler um livro. Ouço todo o silêncio e permaneço sentado até o corpo ser sugado pelo sofá, a meio da noite muito escura, onde meus olhos que não tenho forças para fechar, brilham com a febre da dor devassando as trevas, alumiando-as com a persistência de uma vela num velório pobre. O dia lava-me a testa quente e os olhos secos. O corpo dormente colado à cadeira não é o meu corpo. Deixei de o sentir. Está pálido e uma cómoda fixa-o de frente. Creio ter deixado a vida. Ainda não sei ao certo, mas deve ser assim.
sábado, março 28, 2009
sexta-feira, março 27, 2009
O genuíno parolo na capital...
Com ar atarantado e ainda impoluto de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbosa, Morgado de Agra de Freimas, vindo de Caçarelhos a Lisboa.
"Coisas" que eu vi ontem em Lisboa... (algumas, depois 'posto' as outras).
quarta-feira, março 25, 2009
perco-me, outra vez?
Amanhã, ulissiponense visita...
d' ítaca ao tagus dado.
(visitar tem a mesma raiz que ver)
//visitare, visere, videre\\
d' ítaca ao tagus dado.
(visitar tem a mesma raiz que ver)
//visitare, visere, videre\\
O trânsito, hoje...
... em Viseu. Caótico. Cortam a circular e entope tudo. E isto, com um soberano desprezo pelos utentes (alguns nem percebem muito bem qual a necessidade de reatapetar o recém-atapetado) que andam às voltinhas até enjoar... Sem falar nos de fora, que desconhecem os atalhos, e se vêem, de repente na Feira Popular, a girar, a girar, a girar, no carrocel do Azevedo...
terça-feira, março 24, 2009
Mensagem do Sr. Engº Aquilino Ribeiro
PREZADOS AMIGOS DA ESCOLA PROFISSIONAL DE SERNANCELHE
O Dr. Paulo Neto irá falar-vos da vida e da obra de Aquilino Ribeiro que nasceu no último quartel do século XIX no Concelho de Sernancelhe, há quase 124 anos. Que coisa tão remota, pensarão alguns de vós, desconfiados de que isso tenha algo a ver convosco, gente moderna, ensinada a olhar para o futuro e a sacudir as teias de aranha herdadas do passado. Todavia, se atentarmos no desdobrar do tempo, 124 anos não chegam a ser um piscar de olhos na história do mundo e, obviamente muito menos na recordação que os mais velhos ainda guardam da presença dos respectivos avós ou das tradições familiares que lhes trouxeram um reflexo esmaecido dos bisavós, tetravós e, por aí fora. Nos fins do século XIX e até um pouco mais além dos meados do Século XX, o ambiente, a luta pela subsistência das populações, o quadro físico e mental que determinava os seus costumes mantivera-se imutável e presumivelmente tão permanente, na respectiva fixidez, como nos séculos anteriores. Cada geração reproduzia a experiência das antecedentes e acrescentava gradualmente os saberes que ela própria ia adquirindo. Mas a partir de certa altura a aceleração histórica, devida aos progressos da técnica e do desenvolvimento económico, rompeu as cadeias consuetudinárias da transmissão dos saberes e o rápido afluxo dos novos conhecimentos veio, em boa parte, submergir o espaço ocupado pelos antigos. Com isso nasceu no inconsciente das pessoas uma certa tendência para minimizar o espólio recebido e sobrevalorizar tudo o que fosse novo. O culto da modernidade, até há pouco tão em voga, acentuaria o processo, que mais não fosse pela necessidade de sistematicamente se afirmar em oposição aos valores estabelecidos.
Todavia, mesmo que o ignore, cada um de nós é uma combinação de genes daqueles que o antecederam e a sua cultura provêm, em grande medida, da própria linguagem que pratica, que outra coisa não é senão um repositório da experiência das antigas gerações e da maneira como elas enfrentavam a condição da sua existência. Nesta enfiada continua há personalidades que se destacam como testemunhas privilegiadas da sua época as quais, para além de nos restituírem o quadro temporal em que viveram, nos apresentam a essência intemporal da alma humana, nos seus anseios, conflitos e dramas de sempre. Daí a perpétua actualidade do teatro grego de Sófocles ou das peças de Shakespeare tão distanciadas no tempo e tão perto do nosso quotidiano de homens do Século XXI. Aquilino Ribeiro é, neste entendimento, um escritor plenamente contemporâneo. Conhece-lo e estudá-lo contribuirá para usufruir o prazer estético da sua prosa e aprofundar o entendimento das raízes em que se firma a nossa identidade de portugueses, circunstância particularmente relevante nas terras beiroas de Sernancelhe onde teve o berço.
Melhor do que eu vos falará disto tudo o Dr. Paulo Neto, a quem a obra de Aquilino é mais do que familiar. Na divulgação do escritor, ciente de que assim poderá irradiar prazer e medrar a cultura dos outros, poucos haverá tão empenhados como ele. Nisso evoca-me aquelas personagens do Fahrenheit 451 de Truffaut, que em tempos adversos quando todos os livros eram sistematicamente queimados, se obrigavam a decorar o texto de um autor proscrito, para que os vindouros não perdessem o rasto de algumas das criações mais sublimes do génio humano. Pelo seu empenhado trabalho de preservação de uma memória que me é particularmente cara, me comprazo em tornar público o meu reconhecimento ao Dr. Paulo Neto, meu prezado amigo.
Aquilino Ribeiro Machado
O Dr. Paulo Neto irá falar-vos da vida e da obra de Aquilino Ribeiro que nasceu no último quartel do século XIX no Concelho de Sernancelhe, há quase 124 anos. Que coisa tão remota, pensarão alguns de vós, desconfiados de que isso tenha algo a ver convosco, gente moderna, ensinada a olhar para o futuro e a sacudir as teias de aranha herdadas do passado. Todavia, se atentarmos no desdobrar do tempo, 124 anos não chegam a ser um piscar de olhos na história do mundo e, obviamente muito menos na recordação que os mais velhos ainda guardam da presença dos respectivos avós ou das tradições familiares que lhes trouxeram um reflexo esmaecido dos bisavós, tetravós e, por aí fora. Nos fins do século XIX e até um pouco mais além dos meados do Século XX, o ambiente, a luta pela subsistência das populações, o quadro físico e mental que determinava os seus costumes mantivera-se imutável e presumivelmente tão permanente, na respectiva fixidez, como nos séculos anteriores. Cada geração reproduzia a experiência das antecedentes e acrescentava gradualmente os saberes que ela própria ia adquirindo. Mas a partir de certa altura a aceleração histórica, devida aos progressos da técnica e do desenvolvimento económico, rompeu as cadeias consuetudinárias da transmissão dos saberes e o rápido afluxo dos novos conhecimentos veio, em boa parte, submergir o espaço ocupado pelos antigos. Com isso nasceu no inconsciente das pessoas uma certa tendência para minimizar o espólio recebido e sobrevalorizar tudo o que fosse novo. O culto da modernidade, até há pouco tão em voga, acentuaria o processo, que mais não fosse pela necessidade de sistematicamente se afirmar em oposição aos valores estabelecidos.
Todavia, mesmo que o ignore, cada um de nós é uma combinação de genes daqueles que o antecederam e a sua cultura provêm, em grande medida, da própria linguagem que pratica, que outra coisa não é senão um repositório da experiência das antigas gerações e da maneira como elas enfrentavam a condição da sua existência. Nesta enfiada continua há personalidades que se destacam como testemunhas privilegiadas da sua época as quais, para além de nos restituírem o quadro temporal em que viveram, nos apresentam a essência intemporal da alma humana, nos seus anseios, conflitos e dramas de sempre. Daí a perpétua actualidade do teatro grego de Sófocles ou das peças de Shakespeare tão distanciadas no tempo e tão perto do nosso quotidiano de homens do Século XXI. Aquilino Ribeiro é, neste entendimento, um escritor plenamente contemporâneo. Conhece-lo e estudá-lo contribuirá para usufruir o prazer estético da sua prosa e aprofundar o entendimento das raízes em que se firma a nossa identidade de portugueses, circunstância particularmente relevante nas terras beiroas de Sernancelhe onde teve o berço.
Melhor do que eu vos falará disto tudo o Dr. Paulo Neto, a quem a obra de Aquilino é mais do que familiar. Na divulgação do escritor, ciente de que assim poderá irradiar prazer e medrar a cultura dos outros, poucos haverá tão empenhados como ele. Nisso evoca-me aquelas personagens do Fahrenheit 451 de Truffaut, que em tempos adversos quando todos os livros eram sistematicamente queimados, se obrigavam a decorar o texto de um autor proscrito, para que os vindouros não perdessem o rasto de algumas das criações mais sublimes do génio humano. Pelo seu empenhado trabalho de preservação de uma memória que me é particularmente cara, me comprazo em tornar público o meu reconhecimento ao Dr. Paulo Neto, meu prezado amigo.
Aquilino Ribeiro Machado
AQUILINO (sempre)
Fui hoje fazer um Seminário a Sernancelhe, a convite da Câmara Municipal e da ESPROSER. Os presentes, num total de 128 alunos e respectivos professores de Português, fizeram o favor de me ouvir discorrer, das 14 às 17H15 sobre AQUILINO RIBEIRO. O objectivo: divulgar o Escritor junto de um público adolescente --» sincronias de uma vida de lutador sem rival e extractos de obras de um escritor excepcional. Tarefa cumprida. A preceito, creio, sem modéstia.
(fotografias de P. Pinto)
(fotografias de P. Pinto)
segunda-feira, março 23, 2009
domingo, março 22, 2009
sábado, março 21, 2009
O Regresso
Não te guardo ressentimento, diz a casa. A ti que toda me dei e tanto te guardei. Nunca percebeste que engrossei, por ti, as paredes. E quanto isso me custou. As veias a ficarem grossas e quase lacerarem a fina pele... Amparei-te nos degraus quando neles caías. Nunca viste que a meio os dobrava como o concavo de uma palma de mão. E quando fugias para o sótão... as madeiras podres que mudavam céleres, de sítio, à chegada de teu pé. Dos vidros riscados de tantos olhos, nas velhas janelas, fiz telas que enfrentavas curioso quando de castigo arrastavas revoltado a lamúria.
Eu tinha que sair de ti, duplo ventre, respondo. Sabes que sempre voltei. Até quando? Não está na minha ciência prevê-lo. Eu volto repetidamente. Mas tenho que ir. E mais das vezes não sei onde e a única certeza és tu, que não és o para onde vou. Também parto ciente que as mais voltas que ao mundo der são curtas para suster o teu apelo.
Então porque demoraste tanto a vir, desta vez, pergunta ela. De dor esboroei uma parede e sete telhas rachei, para por elas, lá do alto, te acenar.
Eu vi. E voltei. Estava preso numa teia fina feita com fios de marfim. Muito doeu libertar-me. Mas a tua calidez só está dentro de ti...
Fica, pois. Agora que chegaste as tábuas do sobrado não mais rangerão a dor das fibras. A porta ficará solta e a fechadura lesta. Olhar-te-ei das tábuas do tecto. Onde estiverem os nós do castanho erguerei olhos e ouvidos para te verem e ouvirem. Na velha cozinha, erguerei um fogo velho de incenso e no forno cozerei a triga milha. Farei correr a fresca água do tanque, filtrada pelas morugens, para te banhares...
Ficarei. Quero apenas os meus livros, uma travesseira grande e meiga e a coberta antiga. De papa, dizia minha mãe. E eu olhava as cores vermelhas e amarelas e pensava, O Papa é um arco-íris.
Tudo terás. Promete-me apenas que me olharás todas as restantes noites e adormecerás nos meus olhos…
Nos teus olhos adormeço. Oxalá, nenhum ruído mais me afaste.
Oxalá...
15:12
20 de maio
viseu
Bernardim R.
"só as mulheres são tristes; que as tristezas, quando viram que os homens andavam de um lugar para o outro, e como o mais das coisas, com contínuas mudanças, ora se espalhavam, ora se perdiam... tornaram-se às coitadas das mulheres".
sexta-feira, março 20, 2009
quarta-feira, março 18, 2009
Eros em Soutosa
"A meus pés, a menos de tiro, passava a ribeira sobre areal e terras de paúl, um cabelo d'água com a estiagem onde as rolas vinham espenujar-se ao sol poente. (...) De longe em longe uma pastora vinha para ali apascentar as vacas, e eu muito lhe admirava a cinta pura e flexível e o jarrete nu sob a saia de grande roda. Não pressentindo viv'alma por aquele descampado, todo o seu instincto animal se lançava à franca na natureza. Acocorando-se à beira d'água, abria a saia e o colete e espulgava-se. Seu corpo era viçoso e bem entroncado, da cor do trigo quando está na eira. Catava-se, coçava-se, e com curiosidade ingénua punha-se depois a arrepelar o velo loiro e os mamilos vermelhos dos seios. E, núbil e desejosa, eu sentia-a já a embalar um berço ao som magoado da Rosa-tirana; ela, desatando as negras tranças, com um caco de pente amanhava o cabelo. Outras vezes, de saia arregaçada até as virilhas, ia chapinhando pela corrente fora atrás dos peixinhos. Macissas e tentadoras eram as coxas, mas os requebros inocentes como de pomba e descuidosos como de ninfa. E porque assim era, porque seu jeito se fundia na sinceridade da natureza, minha mente vibrava d'aquelas inefáveis delícias do anjo, ao surpreender no toucador à Virgem Maria.
No pasto pelado, sem detença de maior, as vacas moscavam; a boieira despedia atrás d'elas, e só então a lúxuria se me ateava nos nervos, acesos pelo lume vermelho do lenço vermelho a esvoaçar."
Aquilino Ribeiro, A Via Sinuosa, pp. 208/209, 2ª ed., 1919, Livrarias Aillaud & Bertrand, Lisboa.
terça-feira, março 17, 2009
domingo, março 15, 2009
O telemóvel!
Comecei o domingo por constatar, às 07H00, (boa hora para constatar?) que perdera o telemóvel. Ou melhor, um dos 3 telemóveis. O que levara comigo a Aveiro. Por acaso o mais actualizado. E ainda mais por acaso, o que tem mais de 500 números guardados. Corri meus passos. Carros em que andei. Café onde fui comprar os jornais. Revirei a casa. Telefonei para o amigo Carlos que virou às avessas a Peugëot. Fui a uma loja de conveniência da A 25 onde parei, à vinda, para tomar uma água (80 kms, ida e volta). Telefonei 19 vezes para mim. Desanimei. Deitei-me a dormir uma sesta (que é a melhor solução para o desânimo). Acordei. Tinha uma mensagem: "O seu tm está no Autocarro-Bar da Univ. Empregada Guida." Obrigado, Guida! És um amor! Bom, lá tenho que voltar a Aveiro a buscar o "coiso". Entretanto, vou reflectindo nas dependências que se criam destas máquinazinhas tão úteis quão perversas... e no lugar que ocupam nas nossas vidinhas... e congemino já no dia em que almejarei libertar-me completamente delas. Uma re-invenção do Paraíso?
sábado, março 14, 2009
Hoje, Aveiro.
Ponto (a) final boa noite.
A noite.
E a voz da Callas, a operar Ponchielli.
Passo os olhos cansados por Luiz Pacheco, LLansol e Musil.
Indignados.
Por estarem juntos.
Conjuro e conjecturo.
Não me fixo.
Nem me quêdo.
(E fico fulo quando o computador se me recusa os sinais.)
O som daquela voz já morta desfoca-me.
Ouvir os mortos neste mimar de dores alheias e dramas de faz-de-conta?
Como todas as ficções de todas as vidas, afinal.
Desconsolo?
Ou gozo do desconcerto.
Atraso a cama onde a insónia me assegura atalaia certa.
Como morangos com alarve suavidade.
A polpa-rosa, ou rosada.
Satisfaço aos sentidos.
A audição, a visão, o gosto, o tacto, nestas teclas tão sovadas e o cheiro de mim.
A Casta Diva, da Norma.
Agora.
Um chouto de artes altas num atapetado pinhal.
De caruma que cheira (ainda) à resina.
É um lamento tresvairado que rasga o ar parado.
Os bravôs e as palmas das gravações ao vivo são piores que a tosse seca In mia mano alfin tu sei.
O Luiz faz um m..... à Irene que ele sabe vir de f…. com o Fernando.
“Um fedor e sabor a esporra meus conhecidos.” / “(um broche por tabela ao F., afinal)”.
…
“este é o jardim que a ausência permite”, acresceria G.
…
“Törless há muito tempo que se recostara novamente. A respiração quente de Beineberg ficava presa nos casacos e aquecia o canto. E como sempre que se excitava, Beineberg deixava em Törless uma impressão penosa.”
, remata Robert que joga à sueca com Kafka, Joyce e Proust.
No glamoroso quarto deste.
Tudo se confunde ou funde, apenas.
E há uma linha lógica nestas casas de caos.
Nestes casos de caos.
No caos.
...
O ardor de olhar.
Estes olhos têm mais de cem anos.
E estes ouvidos os sons dos mortos.
Estou a fingir que vivo.
E se não fossem os morangos já não tinha certeza de nada.
Vien diletto, è in ciel la luna.
Gorjeios de estorninho.
Gostava de uma donna a gemer assim, tão afinada.
Ponto (a) final boa noite.
E a voz da Callas, a operar Ponchielli.
Passo os olhos cansados por Luiz Pacheco, LLansol e Musil.
Indignados.
Por estarem juntos.
Conjuro e conjecturo.
Não me fixo.
Nem me quêdo.
(E fico fulo quando o computador se me recusa os sinais.)
O som daquela voz já morta desfoca-me.
Ouvir os mortos neste mimar de dores alheias e dramas de faz-de-conta?
Como todas as ficções de todas as vidas, afinal.
Desconsolo?
Ou gozo do desconcerto.
Atraso a cama onde a insónia me assegura atalaia certa.
Como morangos com alarve suavidade.
A polpa-rosa, ou rosada.
Satisfaço aos sentidos.
A audição, a visão, o gosto, o tacto, nestas teclas tão sovadas e o cheiro de mim.
A Casta Diva, da Norma.
Agora.
Um chouto de artes altas num atapetado pinhal.
De caruma que cheira (ainda) à resina.
É um lamento tresvairado que rasga o ar parado.
Os bravôs e as palmas das gravações ao vivo são piores que a tosse seca In mia mano alfin tu sei.
O Luiz faz um m..... à Irene que ele sabe vir de f…. com o Fernando.
“Um fedor e sabor a esporra meus conhecidos.” / “(um broche por tabela ao F., afinal)”.
…
“este é o jardim que a ausência permite”, acresceria G.
…
“Törless há muito tempo que se recostara novamente. A respiração quente de Beineberg ficava presa nos casacos e aquecia o canto. E como sempre que se excitava, Beineberg deixava em Törless uma impressão penosa.”
, remata Robert que joga à sueca com Kafka, Joyce e Proust.
No glamoroso quarto deste.
Tudo se confunde ou funde, apenas.
E há uma linha lógica nestas casas de caos.
Nestes casos de caos.
No caos.
...
O ardor de olhar.
Estes olhos têm mais de cem anos.
E estes ouvidos os sons dos mortos.
Estou a fingir que vivo.
E se não fossem os morangos já não tinha certeza de nada.
Vien diletto, è in ciel la luna.
Gorjeios de estorninho.
Gostava de uma donna a gemer assim, tão afinada.
Ponto (a) final boa noite.
sexta-feira, março 13, 2009
quinta-feira, março 12, 2009
M G LLansol
Há um não-vê que vela pelo vivo. Os seus efeitos são imprevisíveis, é um facto, mas não duvido.
o que o texto tece advirá ao homem como destino.
O Senhor de Herbais, Lisboa: Relógio d'Água, 2002.
o que o texto tece advirá ao homem como destino.
O Senhor de Herbais, Lisboa: Relógio d'Água, 2002.
quarta-feira, março 11, 2009
terça-feira, março 10, 2009
segunda-feira, março 09, 2009
domingo, março 08, 2009
canto da cobra
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Num sussurro ao do réptil leve, rasgas a terra em segredo, longe da penha onde o ar é frio, anil, e a fome dos milhafres tem hálito de lages.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Porque os incautos só ouvem o bramir do tigre, o retumbar das águas ensurdece-os, e o ar, de lágrimas aceso, bebe-lhes a luz, liberta chispas e desavem cômoros de seios.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Em desejos esmoída arfas o porvir. No trilho roças desejos. Almejas corpo de enliçar vigia, e no sono rendido à atalaia auguras-te frecha.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Mimosa te silvas taça com poção mal dada. E porque durmo, sou quase justo e sonho, sorvo-te do ventre a frescura da maçã.
Num sussurro ao do réptil leve, rasgas a terra em segredo, longe da penha onde o ar é frio, anil, e a fome dos milhafres tem hálito de lages.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Porque os incautos só ouvem o bramir do tigre, o retumbar das águas ensurdece-os, e o ar, de lágrimas aceso, bebe-lhes a luz, liberta chispas e desavem cômoros de seios.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Em desejos esmoída arfas o porvir. No trilho roças desejos. Almejas corpo de enliçar vigia, e no sono rendido à atalaia auguras-te frecha.
-- Vens no ventre da cobra oculta.
Mimosa te silvas taça com poção mal dada. E porque durmo, sou quase justo e sonho, sorvo-te do ventre a frescura da maçã.
sábado, março 07, 2009
quinta-feira, março 05, 2009
Maria Teresa Horta, "Só de Amor" - (D. Quixote)
Que posso eu dizer
dos teus dentes
que a saliva não morda?
quarta-feira, março 04, 2009
terça-feira, março 03, 2009
"Alcança quem não cansa...
... Apresento-te Aquilino."
Foi este o tema do colóquio hoje efectuado a convite do CDI (Drª Ana Paula Pina) da ESENVIS, integrado na Semana da Leitura.
A Câmara de Sernancelhe proporcionou 70 exemplares da Revista "aquilino" que foram oferecidos aos alunos e professores presentes.
Foram oradores os drs. Carlos Silva, Vice-Presidente da Autarquia, o dr. Jerónimo Costa, ex-Regedor da Confraria Aquiliniana e este Vosso criado.
Sensibilizar os jovens para a leitura de AQUILINO RIBEIRO foi o objectivo. Os presentes acolheram com agrado a intenção. A hora e meia disponibilizada para a acção voou como um jacto...