quinta-feira, maio 31, 2007
quarta-feira, maio 30, 2007
terça-feira, maio 29, 2007
Canción de Dom Rocinante, el caballo fantástico de Dom Alonso Quijano
Castela de sol ardente e gretado solo ardido
Será loucura ruminar em água fria e verde pasto?
Doloroso afago d’esporim sentido
Sol que faz heróis e estiola o duro casco…
Ah rocinante, ginete de cavaleiro andante
Surdo ao zurrar bronco do asno companheiro
Atento às cortesias deste doudo demandante
Matuto neste embalo d’osso em chouto levadeiro
Alonso Quijano não leias mais; de frente Aldonza Lorenzo mira
E naquele moinho mais branco cerca-a tal gigante
E corre após, com ela engrinaldada, a Dom Gaifeiros acudir à ira
Sombreando-me… que a canícula m’adormece arfante
Estóico sou eu, ai quão estóico!
Alonso o generoso é só bom e Dom, Nosso Senhor
Louco nos libertará jamais peitando o gesto heróico
Além há uma cruz… mira la cruz Alonso… que fulgor…
O Calvário deste sonho visionário cessará
Deste encanto que em lamento se ordena extravagante
E afrontoso do desastre que ao desastre enfrentará
Tanta mágoa qual demanda em liberdade busca impante
Ah rocinante, ginete de cavaleiro andante
No exílio a erva será verde, a terra morna e eu livre enfim
De lamber mil ferimentos e codilhar farfante
Recolhido tu na torre escura dos cavaleiros-poetas-delfim
E aí o tomará Aldonza, a las cinco de la tarde, em seus braços de Dulcineia
(Pietá que exalta a las cinco de la tarde o lamento quixotesco cessante
Do homem livre, a las cinco de la tarde, da alma livre, do livre ilimitado, da ardente veia…)
Ah rocinante, a las cinco de la tarde, ginete de cavaleiro andante
Chocalha-me tal e tanta lataria deste vivo ideal
Que transporto em tanta dor
Meu Senhor Nosso Senhor
“não repare vossa mercê em ninharias, senhor Dom Quixote, nem aperte tanto a cravelha que estoira a corda! Representam-se para aí todos os dias comédias recheadas de absurdos e baboseiras e ninguém lhes vai à mão. Pelo contrário, fartam-se de receber aplausos, vento em popa!”
Sancho tolo, Santo pança que nunca leste um livro, nem a Tormes foste vivo
E és conselheiro dos que afrontam o rei
Oh que corte tão leal sem grei!
Dom Quixote e Sancho Pança, Rocinante e bronco Asno andante
Trupe luminosa ao sol cegante de Castela
Bolinando, nos olhos ocos dos bufões de vento em popa, a vela!
segunda-feira, maio 28, 2007
dormirei contigo a noite longa do inverno
e sujeitarei ao frio a angústia
e a pena esquiva do capricho
na escuridão apuraremos os sentidos
misturando hálitos com os sons
resgatados aos gestos a pairar
ecoarão vozes de vertigem
filtrando na fraga a espuma
sobejada das palavras ciciadas
assim se alcançará consolo
acalento e desalento da maré
esmoedora na pedra depurada
a viagem empreenderá o tempo
trôpego aconchego do sentido
pólen burilado nas asas da borboleta negra
a espuma lavará suores do sono
enquanto dos corpos titubeos e geadas
despertam com furtada lágrima
a noite longa do inverno é uma longa viagem
do pensamento no pensamento
sob a ramada no limiar da messe umbrosa
desalenta a fricção dos náufragos no remo
húmido da jangada o corpo bóia
nos laivos silentes dos feitiços arquejados
a aflição amplia o eco à noite
avisador das algas emaranhadas
no labirinto tecido à luz do tacto
nos nós as vozes não desfazem
enleamentos junto aos ventres
onde resfolga tensão em sustido esvaimento
a noite longa refulge o paraíso do momento
e retém a filigrana das asas da borboleta negra
tão frágeis na luz da noite envidraçada
e o vento exausto corre as poalhas do corpo
pelos campos com canaviais
fontes do assobio da dor
junto ao peito de ufano alteado
exalta-nos o respigo da noite
extático requebro em ti retido
na noite longa do inverno frio
ladroa a neve não afronta
nem os hálitos gelarão nos decantados sons
de corpo ao corpo os poros se salpicam
talvez a espuma das marés
à luz da lua no molhe atraiçoadas
acolhidos brilhos da noite em teus olhos
amaina a perpassada alma
entre corais afiados nas águas revoltadas
e por fim rebate na fraga o remo
e ouço êxtases e augúrios sibilados
no teu ventre onde me minto e juro
dormirei contigo a noite longa do inverno
e em teus braços rodarei meu pulsar
tronco em torno carinhoso por tuas mãos cavado
pn, in ave azul
e sujeitarei ao frio a angústia
e a pena esquiva do capricho
na escuridão apuraremos os sentidos
misturando hálitos com os sons
resgatados aos gestos a pairar
ecoarão vozes de vertigem
filtrando na fraga a espuma
sobejada das palavras ciciadas
assim se alcançará consolo
acalento e desalento da maré
esmoedora na pedra depurada
a viagem empreenderá o tempo
trôpego aconchego do sentido
pólen burilado nas asas da borboleta negra
a espuma lavará suores do sono
enquanto dos corpos titubeos e geadas
despertam com furtada lágrima
a noite longa do inverno é uma longa viagem
do pensamento no pensamento
sob a ramada no limiar da messe umbrosa
desalenta a fricção dos náufragos no remo
húmido da jangada o corpo bóia
nos laivos silentes dos feitiços arquejados
a aflição amplia o eco à noite
avisador das algas emaranhadas
no labirinto tecido à luz do tacto
nos nós as vozes não desfazem
enleamentos junto aos ventres
onde resfolga tensão em sustido esvaimento
a noite longa refulge o paraíso do momento
e retém a filigrana das asas da borboleta negra
tão frágeis na luz da noite envidraçada
e o vento exausto corre as poalhas do corpo
pelos campos com canaviais
fontes do assobio da dor
junto ao peito de ufano alteado
exalta-nos o respigo da noite
extático requebro em ti retido
na noite longa do inverno frio
ladroa a neve não afronta
nem os hálitos gelarão nos decantados sons
de corpo ao corpo os poros se salpicam
talvez a espuma das marés
à luz da lua no molhe atraiçoadas
acolhidos brilhos da noite em teus olhos
amaina a perpassada alma
entre corais afiados nas águas revoltadas
e por fim rebate na fraga o remo
e ouço êxtases e augúrios sibilados
no teu ventre onde me minto e juro
dormirei contigo a noite longa do inverno
e em teus braços rodarei meu pulsar
tronco em torno carinhoso por tuas mãos cavado
pn, in ave azul
domingo, maio 27, 2007
Letras Aquilinianas
Decorreu hoje no Colégio da Lapa o 1º Capítulo de Entronização da Confraria Aquiliniana.
Cerimónia a todos os títulos notável, contou com a presença da senhora juíza conselheira, Adelina Sá Machado, Secretária-Geral da Assembleia da República, em representação oficial daquele orgão de soberania, várias Confrarias afins, Câmaras Municipais de Lamego, Moimenta da Beira, Sernancelhe, Vila Nova de Paiva e Viseu, bem como de uma centena de distintos participantes.
Momentos altos das cerimónias, foram a "Lição de Sapiência" proferida pelo escritor Mário Cláudio e a apresentação do Orgão Oficial da Confraria, o nº 1 da revista de 220 páginas, "Letras Aquilinianas", cujo director é o professor da Universidade Nova, João Silva de Sousa, sendo director-adjunto, pn.
Nos corredores do colégio dos Jesuítas, onde estudou Aquilino Ribeiro, foi servido lauto e suculento almoço, em atento roteiro gastronómico tirado das páginas da obra do patrono.
Uma palavra de louvor ao Regedor, dr. Jerónimo Costa, e à inexcedível logística da organização, a superior cargo da engª Cristina Brasete e da dra. Maria dos Anjos Saraiva, entre outros.
Vamos desde já trabalhar para o nº 2 da "Letras Aquilinianas", deixando aqui o repto a todos os estudiosos da temática que queiram colaborar com os seus artigos.
A revista foi patrocinada pelas autarquias supra referidas, Fundação Calouste Gulbenkian, BPI e Visabeira.
sexta-feira, maio 25, 2007
quinta-feira, maio 24, 2007
quarta-feira, maio 23, 2007
terça-feira, maio 22, 2007
(...)
não sei quando foi que misturámos tanta coisa na mesma fala, o risco na garganta e nós na zona vermelha do entendimento, só a tua pele na minha, os lábios sumarentos, mel macio no peito, beijos loquazes e derradeiros, finitos na sua demência, línguas e lugares do corpo lambuzados de desejo e as ancas, as ancas como enfusas de matar a sede.
o risco de perder a bússola no corpo vasto de dunas e refúgios, o risco de emergir num tempo novo e puro, para nunca mais voltar ao lado urbanizado da existência. quando nos isolávamos assim do mundo, eu não era nada sem as tuas mãos, o teu calor e o teu refúgio e tu, no meu mundo confuso, de terceira dimensão, para além do principado ardente dos sentidos, tu, eras-me tudo.
o risco de perder a bússola no corpo vasto de dunas e refúgios, o risco de emergir num tempo novo e puro, para nunca mais voltar ao lado urbanizado da existência. quando nos isolávamos assim do mundo, eu não era nada sem as tuas mãos, o teu calor e o teu refúgio e tu, no meu mundo confuso, de terceira dimensão, para além do principado ardente dos sentidos, tu, eras-me tudo.
Ana Pontes
o livro certo
KIKI BRETÃ
Um livro é feito para inspirar, outras vezes para expirar...de forma a que, simplesmente, se respire o espaço mental que, ao longo dele, criamos.
De maneira a que a atmosfera, que ele cria, penetre nos nossos pulmões, dê energia às nossas células e seja expelida de nós sobre outras formas. Um livro, lê-lo, é um metabolismo metafísico, que traduz o levar vida à nossa mente.
Um catalisador de vivências subjectivas, que não perde matéria nem energia, mas permanece inteiro nele mesmo, ao longo da reacção.
Lire...
Lerás o que te foi dito, escrito noutras palavras; lerás o que pensaste, escrito sob poesia; encontrarás o que leste, na tua cabeça, muito antes de teres lido.Ler-te-às a ti e aos outros, verás palavras onde elas não estão.
A palavra carrega em si imagens, sentimentos, percepções subjectivas. Daí que dê vida, ou fomente a vida, ou, simplesmente, mexa na água estagnada que temos dentro de nós, assim que entra por nós adentro. A palavra vivifica....li certa vez.
Basta, apenas, escolher o livro certo.
De maneira a que a atmosfera, que ele cria, penetre nos nossos pulmões, dê energia às nossas células e seja expelida de nós sobre outras formas. Um livro, lê-lo, é um metabolismo metafísico, que traduz o levar vida à nossa mente.
Um catalisador de vivências subjectivas, que não perde matéria nem energia, mas permanece inteiro nele mesmo, ao longo da reacção.
Lire...
Lerás o que te foi dito, escrito noutras palavras; lerás o que pensaste, escrito sob poesia; encontrarás o que leste, na tua cabeça, muito antes de teres lido.Ler-te-às a ti e aos outros, verás palavras onde elas não estão.
A palavra carrega em si imagens, sentimentos, percepções subjectivas. Daí que dê vida, ou fomente a vida, ou, simplesmente, mexa na água estagnada que temos dentro de nós, assim que entra por nós adentro. A palavra vivifica....li certa vez.
Basta, apenas, escolher o livro certo.
segunda-feira, maio 21, 2007
Llanto por Ignacio Sanchez Mejias
LA COGIDA Y LA MUERTE
A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana.
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
A las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y solo muerte
a las cinco de la tarde.
El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
! Y el toro solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.
Un ataúd com ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonia
a las cinco de la tarde.
A los lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lírio por las verdes inglês
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompia las ventanas
a las cinco de la tarde
A las cinco de la tarde.
! Ay qué terribles cinco de la tarde!
! Eran las cinco en todos los relojes!
! Eran las cinco en sombra de la tarde!
A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana.
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
A las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y solo muerte
a las cinco de la tarde.
El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
! Y el toro solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.
Un ataúd com ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonia
a las cinco de la tarde.
A los lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lírio por las verdes inglês
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompia las ventanas
a las cinco de la tarde
A las cinco de la tarde.
! Ay qué terribles cinco de la tarde!
! Eran las cinco en todos los relojes!
! Eran las cinco en sombra de la tarde!
Frederico Garcia Lorca, Obras Completas, Aguilar, Madrid, 1966.
domingo, maio 20, 2007
o regresso
Não te guardo ressentimento, diz a casa. A ti que toda me dei e tanto te guardei. Nunca percebeste que engrossei, por ti, as paredes. E quanto isso me custou. As veias a ficarem grossas e quase dilacerarem a fina pele. Amparei-te nos degraus quando neles caías. Nunca viste que a meio os dobrava como o concavo de uma palma de mão. E quando fugias para o sótão… as madeiras podres que mudavam céleres, de sítio, à chegada de teu pé. Dos vidros riscados de tantos olhos, nas velhas janelas, fiz telas que enfrentavas curioso quando de castigo arrastavas revoltado a lamúria.
Eu tinha que sair de ti, meu duplo ventre, respondo perplexo. Sabes que sempre voltei. Até quando? Não está na minha ciência prevê-lo. Eu volto repetidamente. Mas tenho que ir. E mais das vezes não sei onde e a única certeza és tu, que não és o para onde vou. Também parto ciente que as mais voltas que ao mundo der são curtas para suster o apelo da tua voz.
Então porque demoraste tanto a vir, desta vez? pergunta ela. De dor esboroei uma parede e sete telhas eu rachei, para por elas, lá do alto, te acenar.
Eu vi. E voltei. Estava preso numa teia fina feita com fios de marfim. Muito doeu libertar-me. Mas a tua calidez não está nenhures, que não dentro de ti.
Fica, pois. Agora que chegaste as tábuas do sobrado não mais rangerão a dor das fibras. A porta ficará solta e a fechadura lesta. Olhar-te-ei das tábuas do tecto. Onde estiverem os nós do castanho rasgarei olhos e ouvidos para te verem e ouvirem. Na velha cozinha, erguerei um fogo antigo de incenso e no forno, há tanto frio, cozerei a triga milha. Farei correr a fresca água do tanque, filtrada pelas morugens, para te dessedentares…
Ficarei, então. Quero apenas os meus livros, uma travesseira grande e meiga e a coberta antiga. De papa, dizia minha mãe. E eu olhava as cores vermelhas e amarelas e pensava, O Papa é um arco-íris.
Tudo terás. Promete-me apenas que me olharás todas as restantes noites e adormecerás nos meus olhos…
Nos teus olhos quero adormecer. Oxalá nenhum ruído mais me afaste.
Oxalá…
15:12
20 de maio
Eu tinha que sair de ti, meu duplo ventre, respondo perplexo. Sabes que sempre voltei. Até quando? Não está na minha ciência prevê-lo. Eu volto repetidamente. Mas tenho que ir. E mais das vezes não sei onde e a única certeza és tu, que não és o para onde vou. Também parto ciente que as mais voltas que ao mundo der são curtas para suster o apelo da tua voz.
Então porque demoraste tanto a vir, desta vez? pergunta ela. De dor esboroei uma parede e sete telhas eu rachei, para por elas, lá do alto, te acenar.
Eu vi. E voltei. Estava preso numa teia fina feita com fios de marfim. Muito doeu libertar-me. Mas a tua calidez não está nenhures, que não dentro de ti.
Fica, pois. Agora que chegaste as tábuas do sobrado não mais rangerão a dor das fibras. A porta ficará solta e a fechadura lesta. Olhar-te-ei das tábuas do tecto. Onde estiverem os nós do castanho rasgarei olhos e ouvidos para te verem e ouvirem. Na velha cozinha, erguerei um fogo antigo de incenso e no forno, há tanto frio, cozerei a triga milha. Farei correr a fresca água do tanque, filtrada pelas morugens, para te dessedentares…
Ficarei, então. Quero apenas os meus livros, uma travesseira grande e meiga e a coberta antiga. De papa, dizia minha mãe. E eu olhava as cores vermelhas e amarelas e pensava, O Papa é um arco-íris.
Tudo terás. Promete-me apenas que me olharás todas as restantes noites e adormecerás nos meus olhos…
Nos teus olhos quero adormecer. Oxalá nenhum ruído mais me afaste.
Oxalá…
15:12
20 de maio
paulo neto, viseu
Dois Sóis, A Rosa - A Arquitectura do Mundo
b.
aprende a falar -- diz
a rosa: escreve de noite
e que o meu múltiplo sol
te guie inúmeros
os caminhos. põe-te numa sala
com a luz apagada
onde chegue acesa
a de uma outra, e
frágil,
ao papel que para ela
voltas. então, falas
das paixões, da pétala
que cai no interior
do coração
e navega na sombra do
sangue,
de assombro em
assombro.
Manuel Gusmão, título supra, Editorial Caminho, 1990.
over and over land...
Note-se o pormenor vanguardista do ar condicionado no vidro frontal, a meio aberto, que por duas vezes fez voar o belo bonet (british racing green) do pn, ares afora!
E o alçapão no capot, para minorar as ardências do 6 cilindros em linha...
No inverno fecha-se e faz de chauffage, mandado o calor directamente para o habitáculo.
Ah! A electrónica, os chips!
Brrr!
Decidididamente, sou do tempo deste "lebreiro"!
O leme, com 80 cm de diâmetro e a caixa de três velocidades não sincronizadas (metem-se de ouvido e dupla!).
Os pedais, do travão e da embraiagem, têm uma cunha lateral, como os estribos, para o pé não fugir.
Os cintos de segurança, são os das calças!
Bem pensado!
O Cleveland Overland Whippet (lebreiro), estuante de viçosa galhardia, numa pausa do longo percurso Viseu-Porto-Viseu!
Que isto dantes, fazia-se por etapas, no tempo em que o homem era inteligente e não corria desabridamente para o fim!
Porquê demorar duas horas, se podemos gozar a viagem durante seis?
O Whippet deteve-se seis vezes, neste périplo.
O Whippet deteve-se seis vezes, neste périplo.
Três por nossa iniciativa. Outras três por iniciativa própria (questão de personalidade e de equidade!).
Mas, sempre à sombra, (questão de refinada educação!).
sábado, maio 19, 2007
sexta-feira, maio 18, 2007
Nota que se crê razoavelmente necessária...
Decorreu uma semana desde que interrompi a minha quotidiana prestação neste blogue.
Entendi que precisava de clarificar algumas perspectivas que tenho, ou julgo ter, sobre a virtualidade argonáutica.
Não é que tenha chegado a relevantes conclusões.
Contudo, uma dela impôs-se: a minha inquietante dependência que se vinha gerando, é controlável.
E percebi que, em qualquer momento, tenho a capacidade de virar costas a este ciclo, como já o fiz outrora a outros, sem grandes mágoas, apenas com uma ligeira saudade, que o tempo num ápice desvanece.
Sempre entendi que só há um tipo de postura humana.
A ‘íntegra’, que de acordo com o seu étimo, que tanto e assaz persigo, quer dizer ‘inteira’.
E o ser humano inteiro é livre.
E para ser livre, passe a tautologia, não pode estar dependente de nada.
Do mero cigarro à parca bica.
E se daqui resultar algum radicalismo de contexto vivencial, serei, sempre, em primeira e derradeira instância, a única vítima dele (embora não me agrade esta palavra…).
Agradeço os mails que recebi e os comments feitos.
Mesmo aqueles que me eram, de algum modo, adversos, decerto por pontual e legítima incompreensão do meu acto.
Que nunca teria que justificar, para além de a mim próprio
Deixo-vos um conto escrito num repente.
Que gostem dele como a mim divertiu escrevê-lo.
Deixo o que apodo de “bonecros at na exposition”, “pastiche” de um título de um cd ou lp de há muitos anos, de autor que já não recordo.
Fica o meu mail, para quem quiser contactar-me directamente, enviando, também, textos, fotos e bonecros para publicar no brevitas.
Quanto aos anónimos que de vez em quando aparecem com um gracioso insulto, aceito que seja essa a única forma que têm de tornar comum a sua azia, descontentamento, arrelia, indisposição, zanga, ira, ou o que quer que seja, disfuncional.
Entendi que precisava de clarificar algumas perspectivas que tenho, ou julgo ter, sobre a virtualidade argonáutica.
Não é que tenha chegado a relevantes conclusões.
Contudo, uma dela impôs-se: a minha inquietante dependência que se vinha gerando, é controlável.
E percebi que, em qualquer momento, tenho a capacidade de virar costas a este ciclo, como já o fiz outrora a outros, sem grandes mágoas, apenas com uma ligeira saudade, que o tempo num ápice desvanece.
Sempre entendi que só há um tipo de postura humana.
A ‘íntegra’, que de acordo com o seu étimo, que tanto e assaz persigo, quer dizer ‘inteira’.
E o ser humano inteiro é livre.
E para ser livre, passe a tautologia, não pode estar dependente de nada.
Do mero cigarro à parca bica.
E se daqui resultar algum radicalismo de contexto vivencial, serei, sempre, em primeira e derradeira instância, a única vítima dele (embora não me agrade esta palavra…).
Agradeço os mails que recebi e os comments feitos.
Mesmo aqueles que me eram, de algum modo, adversos, decerto por pontual e legítima incompreensão do meu acto.
Que nunca teria que justificar, para além de a mim próprio
Deixo-vos um conto escrito num repente.
Que gostem dele como a mim divertiu escrevê-lo.
Deixo o que apodo de “bonecros at na exposition”, “pastiche” de um título de um cd ou lp de há muitos anos, de autor que já não recordo.
Fica o meu mail, para quem quiser contactar-me directamente, enviando, também, textos, fotos e bonecros para publicar no brevitas.
Quanto aos anónimos que de vez em quando aparecem com um gracioso insulto, aceito que seja essa a única forma que têm de tornar comum a sua azia, descontentamento, arrelia, indisposição, zanga, ira, ou o que quer que seja, disfuncional.
bisous
paulo neto
pzarco@gmail.com
paulo neto
pzarco@gmail.com